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O Luar dos Teus Olhos - Cap. 2

Capítulo 02.


Algumas noites se passaram desde aquela conversa, Sereça havia decidido que só entregaria o worgen aos cuidados dos nóctielfos assim que os ferimentos dele cicatrizassem, porém fora uma decisão difícil. Em dadas noites a fera tomava conta de sua razão e Alfonse se tornava irrefreável, sua fúria era quase letal, mesmo com os mini elementais de rocha o segurando suas garras eram poderosas e por vezes os destroçavam, Sereça tinha muitas vezes que nocauteá-lo para assim usar da prece dos Naarus para acalma-lo.

Um dia Alfonse reparou que haviam escoriações no corpo da draeana, pareciam marcas de garras em seus ombros, ele estremeceu e instintivamente esmurrou a grama enquanto ambos colhiam plantas de Tirisfall...


- Eu lhe feri de novo... – ele murmurou, passando a colher as plantas com raiva...

Ela colocou a mão sobre a pata negra dele, fazendo-o parar de colher as plantas com raiva, ele respirou evitava olhar-lhe nos olhos: - Por quanto tempo essa fera vai te causar problemas...


- Senhor Alfonse... Não se angustie, minha espécie é mais resistente do que aparenta, logo essas marcas não serão nada, nem mesmo uma lembrança dolorosa – ela sorriu com sinceridade – Sei que se chateia ao vê-las, porque o faz pensar mais mal de vossa condição, porém eu ainda creio que ela seja uma benção e não uma maldição.


- Tu ainda estas com essa fixação de benção, eu me tornei um monstro peludo, um saco de pulgas – Ele exclamou exaltado, erguendo-se nas patas, apoiando o cesto de ervas as costas, indo a passos lentos para a caverna enquanto farejava... – Cervos ao leste...


Ela sorriu olhando para a mesma direção que ele – Esta é uma benção, seus instintos aguçados, sua sensibilidade para com a esfera da vida a cada dia aflorando, aposto que esses cervos estão a quilômetros daqui e ainda consegues detecta-los – ela lhe dirigiu um olhar encantado, depois se aproximou do cesto depositando mais algumas ervas – Faz tempo que não comemos carne... Que tal uma caçada? – ela o indagou.


- Não é seguro. – ele respondeu seco.

- Não saberemos se não tentarmos - ela lhe disse e ele se virou encarou-a nos olhos penetrantemente – Eu sei Sereça, eu lido com essa fera no meu interior – ele pressionava e apertava a pata em seu peito que ainda mantinha as ataduras – E tu ainda queres instigar-me ainda mais? É uma batalha constante na minha alma não quero arriscar... – a voz falhou – arriscar... Principalmente a sua segurança – olhar do worgen pesou sobre ela, então a draeana deu um meio sorriso, segurando a mão dele que apertava seu peito.


- Alfonse, essa fera... Ela faz parte de você, faz parte de quem se tornou, sei que não foi por sua vontade, mas... É o que tu és agora... Vivenciamos durante semanas as coisas incríveis que podes fazer com esse novo corpo. O modo como a vida em Azeroth responde aos seus dons druídicos ainda brutos... Aceite essa transformação, e eu continuarei ao seu lado se ainda temeres a fera... – ela se aproximou encostando o rosto em sua pata – Eu lhe ajudarei...


- Por que razão o faz...? – ele a afastou – Eu lhe sou um completo estranho, porque me ajudas? Por que se importa comigo... – a encarava nos olhos, ainda descrente com tamanha afirmação da draeana, ele enfim tomara coragem de questiona-la afinal, havia muito tempo que isso o perturbara, seria aquela figura feminina enviada por sua família para de algum jeito ajuda-lo? Seria algum agente de Guilnéas que a influenciava para ganhar-lhe a confiança e assim, conseguir dele informações relevantes do reino que poderiam destruir Guilneas usando-o como arma?


Ela se afastou, sua imponência parecia diminuir quando Alfonse o questionara, ela estava de fato escondendo algo, no entanto não era nada do que ele havia pensado.

- Quando utilizo meus dons curativos raciais em ti, aliás, quando o utilizei pela primeira vez, para fazê-lo voltar a razão, eu... – ela estava inquieta, seus braços fechavam-se ao redor do seu corpo, apertando-se como se precisasse se proteger dele, ela respirou fundo, desviando o olhar.

- Eu precisei buscar sua consciência muito no fundo, ao ponto de ver, e sentir o que tu sentes... Eu vi... Suas memórias... Eu senti o que tu sentiste por toda a sua vida... Sua alegria ao subir na vida, seu amor por sua mulher, à felicidade de ter seus filhos eu...


A medida que Alfonse ouvia tudo, a raiva percorria seu corpo, os pelos de seu dorso se ouriçavam, as mãos serravam-se em punhos, os dentes rangiam. – Tu... Não ousaria... a mexer... Na minha alma...

Ela fechou os olhos, parecia estar diminuindo, sim ela teve esse contato intimo sim ela teve que se meter, porém era o único jeito que a draeana dispunha para fazer com que ele voltasse a consciência humana.

- Eu sinto muito Alfonse... Eu não quis invadir sua alma... Foi o único jeito que eu encontrei, fora ele, apenas o ritual dos elfos noturnos é capaz de inibir a fera que tentar obter o controle do seu corpo! – a frase sairá apressada demais, Sereça sabia que aquilo para os humanos era uma violação, um ato libidinoso e nojento, mesmo que fosse para o bem dele.


Ele atirou o cesto no chão, urrou de raiva e grilhando os dentes lhe disse rente ao seu rosto:

- Nunca mais... Dirija-me um olhar, nunca mais entre no meu caminho... Eu não sou um brinquedo da sua vontade.

- Mas Alfonse eu não...

- CALADA! – os dentes arreganharam, a visão dele turvou, ele sabia que não podia se exaltar era a chance perfeita para a fera tomar conta, instintivamente, enfiou as garras na coxa esquerda, os caninos pressionaram ainda mais a sua bocarra.

Então ele se virou, lançou um último olhar a ela, e decidiu sair. Aquele ultima olhar era de pesar, decepção e a mais profunda tristeza:


- Eu pensei... Que ao menos em você... Eu poderia confiar...

E então correu floresta adentro, sumindo da vista de Sereça, a deixando ali... Completamente só, perdida em pensamentos “O que foi que eu fiz...”


Continua...

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